OPINIÃO
“Comunismo” à brasileira. É improvável que os trabalhadores brasileiros se organizem para empreender uma revolução comunista com aquela da Rússia, em 1917. Quem lê e estuda sabe disso. Aqui no Brasil, as pessoas são acusadas de práticas comunistas e socialistas, porque combatem preconceitos contra negros, gays, povos tradicionais, mulheres e praticantes de algumas religiões não hegemônicas e lutam por uma educação inclusiva e gratuita. Essas pessoas também defendem uma sociedade menos egoísta, com mais direitos para quem passa fome, não têm escola, saúde, renda mínima pra viver ou qualquer perspectiva, porque nasceu sem os privilégios econômicos e sociais de alguns.
Os “socialistas ” do Brasil defendem justiça social, paz e solidariedade entre os “brasis rico e pobre”, forjados numa colonização de exploração e escravidão. Milhões sofrem desde 1500 e muitos louvam a Deus porque não fazem parte desse grupo de vulneráveis, com a típica expressão foi Deus que me deu ou quis assim.
Deus nada tem a ver com desigualdade e miséria da maioria do nosso povo. Deus reparte sempre. Mas isso é outra história. Comunismo falso é desculpa para se afirmar como um ego indiferente, preconceituoso e separado do outro que sofre e precisa de fraternidade e justiça social. Até o nosso “comunismo” não é para iniciante. Esse comunismo deve ser combatido com o messianismo quase religioso, bélico e conservador de um modo de vida que expulsa os diferentes, quase sempre os que sofrem e vivem à margem das mesas fartas.
Por favor, parem de assustar as pessoas mais humildes com esse discurso de combate aos moinhos de vento do comunismo, desde 1964. Falem a verdade, assumam suas crenças de ódio ao povo pobre e às minorias. Assumam suas preferências morais que desprezam o humano, em razão do apego a valores culturais ultrapassados e cruéis. Assumam que odeiam gays que constroem suas famílias e sua felicidade, negros que querem vencer, mulheres livres do jugo misógino, povos tradicionais que lutam por suas terras, gente que ama, que luta por um mundo para todos, todas e todes. Gente humana.
Por Nazeldo Cruz, educador