ENTREVISTA
Era Bolsonaro, covid-19 e desinformação, são as palavras-chaves que guiaram o pesquisador e colunista do O Pedreirense, Thyago Myron, em sua dissertação de Mestrado. O estudo, durou pouco mais de dois anos e atualmente ganhou o formato de e-book, podendo ser acessado gratuitamente. Na pesquisa, Thyago relembra momentos turbulentos da política brasileira, quando ciência, política, saúde pública e desinformação se fundiram e dividiram opiniões, trazendo graves consequências quanto aos esclarecimentos acerca da pandemia.
Em entrevista ao jornal O Pedreirense ele traz detalhes desse estudo aprofundado, destaca pontos importantes da pesquisa e conta sobre a importância de dar vida e alcance a sua dissertação lançando o seu primeiro e-book. Confira!
O Pedreirense: Nos honra tê-lo conosco, hoje como entrevistado. Thyago, conte um pouco sobre sua trajetória acadêmica.
Thyago Myron: É uma honra estar aqui como seu entrevistado e, desde já, agradeço e expressar a minha gratidão pela oportunidade e compartilhar um pouco da minha jornada acadêmica, que tem sido uma aventura emocionante em busca do conhecimento e da criticidade. Meu nome é Thiago Henrique de Jesus Silva (na certidão e no Lattes), mas nas redes sociais digitais é Thyago Myron (risos) e sou um apaixonado entusiasta da pesquisa científica. Primeiramente, ressalto a influência significativa das professoras Thamyres Sousa e Carolina dos Reis na minha formação acadêmica, bem como no meu interesse pela pesquisa e pela área de Comunicação. Isso demonstra como os mentores e educadores podem desempenhar um papel fundamental na trajetória dos estudantes, inspirando-os a buscar estudos mais aprofundados e a desenvolver um compromisso com a pesquisa e o conhecimento na área. Além disso, essa experiência destaca a importância dos programas de iniciação científica e do apoio do corpo docente em encorajar os alunos a se envolverem em atividades acadêmicas além da sala de aula. Essa prática pode ser fundamental para despertar o interesse dos estudantes por pesquisa e para prepará-los para futuros estudos avançados e carreiras acadêmicas ou profissionais na área de Comunicação. Assim, enfatizo como a orientação de mentores e a oportunidade de participar de trabalhos científicos durante a graduação podem ser catalisadores para o crescimento acadêmico e profissional de um estudante, fortalecendo seu compromisso com o campo da Comunicação e da pesquisa. Desde o início, ao ingressar no bacharelado em Jornalismo no Centro Universitário de Ciências e Tecnologia do Maranhão (UNIFACEMA), em Caxias (MA), sabia que estava embarcando em uma jornada única. Fui parte da primeira turma de Jornalismo no leste-maranhense, e isso já foi um desafio emocionante por si só. Minha busca por conhecimento e desejo de expandir horizontes me levaram a seguir o caminho da pós-graduação. Durante o mestrado em Comunicação na Universidade Federal do Piauí (UFPI), tive o privilégio de mergulhar em projetos de pesquisa inspiradores e trabalhar lado a lado com pesquisadores notáveis, como minha ex-orientadora, a Profa. Dra. Nilsângela Cardoso Lima. Essa experiência fortaleceu meu compromisso com a academia e a sociedade por meio de pesquisas científicas inovadoras e relevantes. Minhas pesquisas atuais se concentram no emocionante campo da mídia e política, com ênfase na Análise de Discurso Crítica (ADC). Estou profundamente envolvido em explorar conceitos cruciais, como fake news, pós-verdade, desinformação, discurso, poder, ideologia e hegemonia. Acredito que a pesquisa é uma ferramenta poderosa para compreender e enfrentar os desafios complexos da nossa sociedade, e estou comprometido em fazer minha parte para contribuir com soluções e conhecimento valioso. Em resumo, minha trajetória acadêmica tem sido uma jornada cheia de descobertas, desafios e paixão pela pesquisa. Estou ansioso para continuar explorando os horizontes do conhecimento e, com sorte, fazer uma contribuição significativa para o entendimento e resolução dos problemas atuais. A busca pelo saber é uma jornada sem fim, e estou animado para ver para onde ela me levará em seguida.
OP: Há algumas semanas o seu primeiro e-book foi lançado. Como surgiu essa oportunidade?
TM: Essa é uma questão fascinante, e o lançamento do meu primeiro e-book representa uma jornada cheia de significado. Tudo começou da necessidade de encontrar uma maneira de dar vida e alcance a uma pesquisa que representou dois anos de esforço e dedicação durante o meu mestrado em Comunicação na UFPI. A motivação para criar o e-book surgiu da constatação de que muitas dissertações e teses, mesmo contendo informações valiosas, permanecem frequentemente esquecidas nos repositórios das universidades. Isso é lamentável, pois essas pesquisas têm o potencial de enriquecer o conhecimento e contribuir para a sociedade. Foi nesse momento que percebi que a minha pesquisa financiada pela CAPES tinha uma responsabilidade adicional. Sendo financiada com dinheiro público, senti que era meu dever retribuir esse investimento levando a pesquisa ao público de uma forma acessível e gratuita. Essa é uma maneira de garantir que o conhecimento gerado seja disseminado e aproveitado da melhor forma possível. Nesse contexto, a ideia de desenvolver o e-book começou a tomar forma. E, ao olhar ao meu redor, encontrei na própria Editora da UFPI, a EDUFPI, uma oportunidade valiosa para tornar esse projeto uma realidade. A editora se mostrou aberta e comprometida em apoiar a divulgação e o acesso à pesquisa de uma maneira que é, ao mesmo tempo, acessível e aberta à sociedade civil. Portanto, esse e-book representa uma união de esforços e o desejo de tornar o conhecimento acessível a todos, cumprindo o objetivo de levar a pesquisa financiada pelo público de volta ao público. É uma forma de retribuir o investimento da sociedade, compartilhar ideias e descobertas e, finalmente, enriquecer o diálogo público com informações confiáveis e valiosas. Essa oportunidade de lançar o e-book é, portanto, um marco significativo não apenas na minha jornada acadêmica, mas também na busca por uma disseminação ampla e gratuita do conhecimento. É um exemplo prático de como a pesquisa financiada por instituições públicas pode ser devolvida à sociedade em uma forma acessível, permitindo que pessoas de diversos horizontes tenham acesso a informações que podem fazer a diferença em suas vidas. É importante ressaltar que essa iniciativa destaca a importância do acesso aberto ao conhecimento. A pesquisa não deve ser mantida nas prateleiras das instituições acadêmicas, mas sim compartilhada com o público, permitindo que mais pessoas se beneficiem dela. É um passo em direção a uma sociedade mais informada e engajada, onde a pesquisa acadêmica não é vista como algo distante e inacessível, mas como uma ferramenta útil e valiosa para todos. Portanto, o lançamento deste e-book representa um esforço coletivo para tornar a pesquisa acadêmica relevante e acessível, em linha com o ideal de uma sociedade que valoriza o conhecimento e a educação. Estou entusiasmado com a oportunidade de contribuir para esse objetivo e continuar promovendo o compartilhamento de informações e a pesquisa responsável. Nesse sentido, o e-book também simboliza a importância de parcerias colaborativas, como a que estabeleci com a EDUFPI. Foi um trabalho conjunto que permitiu que essa pesquisa se tornasse uma realidade tangível e acessível. Essas parcerias são essenciais para ampliar o alcance e o impacto da pesquisa, bem como para promover um ambiente acadêmico e científico saudável e colaborativo. Além disso, a disponibilização do e-book de forma gratuita é uma contribuição à promoção de um diálogo informado e crítico sobre tópicos importantes, como mídia, política, fake news e desinformação. Portanto, a oportunidade de lançar esse e-book não é apenas uma conquista pessoal, mas um compromisso com a divulgação do conhecimento, o acesso aberto à pesquisa e a promoção do pensamento crítico. Estou ansioso para ver como essa iniciativa pode contribuir para um debate público mais informado e para o avanço da compreensão em áreas tão vitais para a nossa sociedade.
OP: Três palavras-chave norteiam sua obra: Bolsonaro, covid e desinformação. Como foi para você tratar de um tema tão atual, em meio a uma dicotomia política que possivelmente foi norte em sua pesquisa?
TM: Lidar com os temas de Bolsonaro, COVID e desinformação em minha pesquisa foi como navegar pelas águas turbulentas de uma tempestade perfeita. Estes elementos se entrelaçaram de maneira única, criando um cenário político e de saúde pública que desafiou até mesmo os mais experientes pesquisadores. Imagine uma cena em que o Capitão Bolsonaro, com seu cinto de super-herói “Anti-Lockdown”, enfrentava o “Vírus Vingador” com sua “Gripezinha Gun” em mãos. Enquanto os ministros da Saúde entravam e saíam do palco como personagens secundários em uma série de televisão, era como se estivéssemos testemunhando uma trama digna de uma novela de suspense, mas brincadeiras à parte, a realidade era séria. A política de negação do governo bolsonarista e sua propensão à disseminação de informações falsas não eram apenas uma peculiaridade do Brasil. Elas ecoaram o comportamento do ex-presidente estadunidense Donald Trump, que também tinha sua própria “Máquina de Fake News”. Em meio a essa saga da desinformação, a pesquisa teve que se adaptar, como um personagem principal que precisa aprender habilidades novas para enfrentar desafios inesperados. Analisar a interseção desses temas exigiu um compromisso com a subjetividade, a análise crítica e a busca pela verdade em um mundo de meias-verdades, discursos de ódio e teorias da conspiração. Enfrentar essa dicotomia política foi uma jornada desafiadora, mas necessária. Como pesquisadores, nosso objetivo é fornecer uma bússola confiável em meio à tempestade de desinformação, para ajudar as pessoas a navegarem com segurança por águas turbulentas e tomarem decisões informadas. A pesquisa se tornou nossa âncora de criticidade em um cenário político tumultuado. Ao explorar esses temas, esperávamos não apenas compreender o impacto da COVID-19 e da desinformação em nosso mundo, mas também contribuir para um diálogo informado e crítico, independentemente das complexidades políticas que cercam esses tópicos. Além disso, ao conduzir nossa pesquisa, reconhecemos a responsabilidade de destacar a importância da ciência, da informação precisa e do jornalismo de qualidade em um momento em que esses pilares fundamentais estavam sendo questionados. O contexto de pós-verdade no qual nos encontrávamos e que ainda estamos, com informações falsas se espalhando rapidamente, exigiu que nossa pesquisa atuasse como um farol de confiabilidade. A narrativa que emergiu desses três elementos – Bolsonaro, COVID e desinformação – não apenas revelou os desafios enfrentados pela sociedade brasileira, mas também lançou luz sobre questões globais relacionadas à polarização política, à disseminação de fake news e à importância da liderança responsável em tempos de crise. Em última análise, nossa pesquisa buscou oferecer uma visão abrangente e equilibrada dessas questões contemporâneas, de modo que as pessoas pudessem tomar decisões informadas, baseadas em fatos sólidos, e contribuir para soluções que transcendessem as divisões políticas. Trabalhar com essas palavras-chave foi desafiador, porém crucial, e nossa missão era lançar luz sobre esses temas complexos de maneira que promovesse a compreensão e o debate construtivo em meio à tormenta da desinformação.
OP: O que mais chamou a sua atenção durante o tempo/processo de pesquisa?
TM: Durante o tempo e o processo de pesquisa, que é fruto do meu mestrado em Comunicação, uma série de elementos envolventes capturou minha atenção de maneira profunda e, por vezes, surpreendente. A polarização política, uma constante na discussão sobre os temas de Bolsonaro, COVID e desinformação, emergiu como um fator de destaque, moldando fortemente a percepção da pandemia e as respostas governamentais. A desinformação, por sua vez, revelou-se uma força impressionante, criando um cenário em que informações errôneas e teorias conspiratórias se espalhavam como fogo em uma floresta seca. O ritmo rápido com que as informações falsas circulavam e impactavam o debate público era digno de nota. A dimensão humana da pesquisa também se destacou. O impacto na saúde pública e o sofrimento humano resultante das atitudes desastrosas do governo Bolsonaro em relação à COVID-19 eram tangíveis e comoventes, sendo contabilizadas mais de 600 mil mortes por COVID-19, segundo dados do Ministério da Saúde. As implicações éticas e de integridade também se tornaram evidentes, questionando a responsabilidade das lideranças políticas e a confiabilidade das fontes de informação. No entanto, houve um lampejo de esperança na resiliência da ciência e do jornalismo, que, apesar dos desafios, permaneceram como faróis de informações precisas e baseadas em evidências. Outro aspecto que não posso deixar de mencionar é a maneira como a pesquisa destacou a interconexão desses temas em um contexto global. O Brasil não estava sozinho em enfrentar desafios políticos e de saúde pública durante a pandemia. O paralelo com a situação nos Estados Unidos, sob a liderança de Donald Trump, demonstrou que as questões de desinformação e polarização política eram globais, transcendendo fronteiras nacionais. A pesquisa também me trouxe uma apreciação mais profunda pela importância da comunicação eficaz. A forma como as mensagens eram moldadas e transmitidas pelo governo Bolsonaro e pela mídia desempenhou um papel crucial na percepção pública e nas respostas à pandemia. Isso enfatizou a necessidade de lideranças responsáveis e de uma imprensa independente e comprometida com a verdade. Em meio à disseminação de desinformação, vimos cidadãos e organizações lutando pela verdade, pela ciência e por uma resposta adequada à pandemia. Isso destacou a resiliência da sociedade em busca de informações confiáveis e de soluções para problemas complexos. Além disso, o tempo e o processo de pesquisa revelaram a complexidade e a urgência desses temas em nosso mundo contemporâneo. Eles exigem um compromisso contínuo com a verdade, com a responsabilidade e com o diálogo informado, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. Esses desafios servem como lembretes constantes da necessidade de respeitar a ciência, proteger a integridade da informação e manter a saúde pública como prioridade máxima.
OP: Que trecho da sua pesquisa você destacaria nessa entrevista? Por quê?
TM: Certamente, destacaria o próprio título do meu livro: “Bolsonaro e a COVID-19: desmascarando a desinformação”. Este título é, em si, uma obra-prima do jogo de linguagem (risos), uma mistura inteligente de metáfora e realidade que encapsula a essência da pesquisa de forma criativa e provocativa. Em primeiro lugar, a palavra “desmascarando” sugere a revelação da verdade por trás da máscara da desinformação. É como se estivéssemos realizando uma investigação profunda para expor o que está escondido sob as camadas de desinformação e interpretações tendenciosas (o que de fato foi feito). É um chamado para a clareza e a verdade em meio a um mundo obscurecido por narrativas enganosas. Além disso, o uso da palavra “desmascarando” também evoca a ideia de Bolsonaro e outros disseminadores de desinformação estarem, de certa forma, mascarando a realidade e distorcendo os fatos. O título nos lembra que, por trás das declarações polêmicas e opiniões controversas, existe uma realidade objetiva que precisa ser entendida. A alusão à “máscara” também se relaciona com a própria pandemia de COVID-19 e o debate sobre o uso de máscaras de proteção. Portanto, o título não apenas desafia a desinformação política, mas também incorpora uma camada adicional de significado que está intimamente ligada à nossa experiência coletiva da pandemia. Assim, o título do livro não apenas representa o cerne da pesquisa, mas também serve como um lembrete do poder das palavras e do jogo de linguagem na comunicação eficaz. É um convite para desvendar a verdade em meio ao caos da desinformação, de forma criativa e perspicaz. A imagem da capa do livro, onde a palavra “fake” se forma por meio de quadrados que remetem madeira, e a máscara pendurada em conjunto, é um elemento visualmente poderoso que complementa de maneira brilhante o título “Bolsonaro e a COVID-19: desmascarando a desinformação”. Essa imagem é, por si só, um jogo de linguagem visual que conta uma história cativante. Ela nos leva a refletir sobre como a desinformação, muitas vezes, se disfarça sob uma “máscara” de credibilidade e convicção, quando, na verdade, é “fake” – isto é, não é verdadeira. A máscara que está pendurada, aparentemente descartada, nos lembra que a verdade pode ser obscurecida por interpretações tendenciosas e narrativas enganosas. O uso da palavra “fake” na imagem da capa não apenas representa a falsidade das informações que precisam ser desmascaradas, mas também ecoa a ideia de que a exposição da desinformação é um ato de revelação e desmascaramento. É como se estivéssemos retirando a máscara da desinformação para expor a realidade subjacente. Portanto, a capa do livro e o título juntos criam uma narrativa visual poderosa que convida os leitores a embarcar em uma jornada de desmascaramento da desinformação, enquanto exploram as complexidades dos temas de Bolsonaro, COVID e as lutas contra as informações falsas. Essa combinação de elementos visuais e linguagem é um convite para uma investigação profunda e crítica em um mundo onde a verdade muitas vezes é ocultada atrás de máscaras enganosas.
OP: Para você, é possível combater as fake news? De que forma?
TM: Combater as fake news é como lutar contra um exército de sombras na era digital. É uma batalha que, embora desafiadora, é essencial para proteger a integridade da informação e a tomada de decisões informadas em nossa sociedade. No entanto, como fazer isso? É uma questão complexa e, por vezes, intrigante. Imagino essa luta contra as fake news como um grande palco de teatro, onde o enredo se desenrola. Nesse cenário, os atores principais são a educação e o pensamento crítico. O público, composto por todos nós, precisa aprender a distinguir entre o que é real e o que é falso, a questionar fontes duvidosas e a pesquisar a fundo antes de acreditar ou compartilhar informações. Além disso, a iluminação desse teatro é a transparência. É fundamental que as plataformas de mídia social, os veículos de comunicação e os governos revelem os algoritmos por trás da disseminação de informações. Isso permite que todos entendam como o conteúdo é distribuído e identifiquem tendências que podem promover a desinformação. Os bastidores, onde as notícias são criadas, requerem um jornalismo de qualidade e ética. Jornalistas desempenham um papel crítico na verificação dos fatos e na divulgação de informações precisas. Quando isso é feito de maneira eficaz, a verdade ganha destaque, ofuscando as fake news. A trilha sonora desse espetáculo é a colaboração global. A desinformação não conhece fronteiras, e a cooperação entre países, organizações e indivíduos é essencial. A troca de melhores práticas, a criação de regulamentações e a luta coletiva contra a desinformação podem ajudar a minimizar seu impacto. Contudo, essa batalha também nos lembra dos obstáculos. Os vilões da desinformação são poderosos, muitas vezes aproveitando-se de algoritmos de redes sociais que incentivam a disseminação rápida de informações sensacionalistas. A falta de legislação clara e a resistência à autorregulamentação também são desafios a serem superados. A continuação desse espetáculo na luta contra as fake news envolve uma parte crucial do enredo: a educação midiática. É aqui que a trama se desdobra em uma direção esperançosa, porque a educação midiática emerge como uma poderosa alternativa para combater a desinformação. Imagine que a educação midiática seja a diretora de cena deste teatro. Ela desempenha um papel vital na capacitação das pessoas para discernir entre informações verídicas e falsas. Ao incorporar o pensamento crítico e a alfabetização digital no currículo escolar, podemos equipar as gerações futuras com as habilidades necessárias para avaliar, questionar e verificar informações. A educação midiática também ilumina o caminho para a conscientização sobre os riscos da desinformação. Ela ajuda as pessoas a entender como as fake news se espalham, porque são criadas e quem se beneficia com isso. Com esse conhecimento, o público se torna mais resistente às táticas enganosas dos disseminadores de informações falsas. Nesse enredo, a educação midiática serve como uma luz brilhante que revela os bastidores da produção das notícias. Ela ensina as pessoas a valorizarem fontes confiáveis, a verificar informações antes de compartilhá-las e a reconhecer os sinais de uma informação falsa. Além disso, a educação midiática tem uma sinergia com a transparência, tornando as plataformas de mídia social e as fontes de notícias mais responsáveis por suas ações. Ela incentiva a divulgação de informações sobre como o conteúdo é recomendado e priorizado, promovendo a honestidade nas práticas de distribuição. A trilha sonora da educação midiática é a colaboração global. À medida que mais países e instituições de ensino implementam programas de educação midiática, cria-se uma rede global de indivíduos bem informados. Isso não apenas protege as pessoas da desinformação local, mas também fortalece a capacidade de resistir a campanhas de desinformação globais. Embora os obstáculos e desafios ainda persistam na luta contra as fake news, a educação midiática oferece esperança. É uma ferramenta eficaz que nos capacita a desempenhar papéis ativos em nossa busca pela verdade. Como protagonistas neste grande espetáculo, temos o poder de moldar o enredo e garantir que a verdade prevaleça sobre as sombras da desinformação. A educação midiática é a estrela em ascensão que ilumina o caminho a seguir. Portanto, a resposta a “é possível combater as fake news?” é uma combinação de esperança e realismo. Não podemos eliminá-las completamente, mas podemos iluminar a verdade, educar as massas e trabalhar juntos para tornar a desinformação menos influente. Como em qualquer grande espetáculo, a chave está na perseverança, no aprendizado constante e na busca inabalável pela verdade. A batalha contra as fake news é uma maratona, não uma corrida, e estamos todos no mesmo palco, enfrentando o desafio juntos.
OP: Na sua pesquisa você desmiúça o início e desenrolar da COVID-19, como também traz falas e situações em que o ex-presidente Jair Bolsonaro escancara desinformações. Para você, que marca na história esse período deixará ou deixou?
TM: Esse período que minha pesquisa desmiuçou, repleto de desinformação e desafios na pandemia da COVID-19, ficará marcado na história como um capítulo ambivalente. É uma época que expôs tanto as fragilidades quanto as fortalezas da sociedade e da governança, deixando um legado complexo e duradouro. De um lado, é um período que testou os limites da verdade e da responsabilidade na era da informação. A desinformação e as declarações controversas do ex-presidente Bolsonaro ilustram o poder que as lideranças políticas têm de influenciar a opinião pública e a resposta a uma crise de saúde global. Esse período nos lembra que a disseminação de informações erradas e a polarização política podem ter consequências devastadoras, minando a confiança na ciência e na liderança. Por outro lado, essa fase também destacou o poder da resiliência e da colaboração. A sociedade civil, cientistas, profissionais de saúde e jornalistas se uniram para combater a desinformação e promover a ciência. A busca pela verdade e a ênfase na responsabilidade da liderança ganharam destaque. As lições aprendidas sobre a importância da alfabetização midiática e do pensamento crítico permanecerão como ferramentas valiosas no futuro. O período da COVID-19, com todas as suas contradições, nos lembra que a história é moldada por nossas ações e escolhas. Podemos escolher combater a desinformação e promover a responsabilidade, ou podemos permitir que ela se espalhe descontroladamente. A marca que esse período deixará dependerá das lições que tirarmos dele e do compromisso em construir um futuro mais informado, mais resiliente e mais consciente de nossos desafios e responsabilidades. É uma época que, com reflexão e ação, pode ser um ponto de virada para uma sociedade mais preparada para enfrentar crises globais. A lição central que este período oferece é a importância da verdade, da ciência e da responsabilidade na tomada de decisões políticas e individuais. A disseminação de desinformação, especialmente em tempos de crise, pode ser devastadora, minando a confiança do público e colocando vidas em risco. Portanto, é fundamental que aprendamos a valorizar fontes confiáveis, a verificar informações antes de compartilhá-las e a questionar as declarações controversas. Além disso, o período da COVID-19 também enfatiza a necessidade de lideranças responsáveis e de uma sociedade civil vigilante. A capacidade de resposta a crises de saúde pública e a disseminação de informações precisas dependem na maioria do compromisso de todos nós em promover a verdade e a transparência. No final das contas, esse período será lembrado como uma encruzilhada na história. Pode ser um ponto de virada em direção a uma sociedade mais consciente, informada e resiliente, ou pode ser lembrado como um período sombrio de desinformação e polarização. A escolha é nossa. Devemos abraçar as lições aprendidas, investir em educação midiática e pensamento crítico, e trabalhar juntos para construir um futuro no qual a verdade e a responsabilidade sejam os alicerces de nossa sociedade. A história nos observa; cabe a nós determinarmos o legado que deixaremos.
OP: Há novas pesquisas em mente?
TM: Certamente, na área da pesquisa, sempre estamos em busca de novos horizontes e oportunidades para expandir nosso conhecimento. Nossa busca contínua por respostas e soluções é o que impulsiona a pesquisa. E como pesquisador, estou sempre em busca de novas perguntas a serem respondidas e novos desafios a serem superados. Atualmente, estou profundamente envolvido em pesquisas relacionadas à desinformação, análise de discurso crítica e tudo que envolve o discurso. Esses tópicos são de extrema importância, especialmente em um cenário em que a disseminação de informações falsas e a manipulação da linguagem podem ter um impacto significativo na sociedade. Minhas pesquisas envolvem a análise de como a desinformação se espalha, os mecanismos por trás disso e as estratégias que podem ser empregadas para combatê-la de forma eficaz. Além disso, estou interessado em explorar como as técnicas de análise de discurso crítica podem ser aplicadas para identificar e desmantelar narrativas enganosas e discursos prejudiciais. Meu compromisso é continuar contribuindo com o avanço científico nessas áreas e oferecer insights que possam ajudar a combater a desinformação e promover uma comunicação mais ética e responsável. A pesquisa é uma jornada em constante evolução, e estou ansioso para permanecer envolvido e ajudar a moldar o futuro desses campos, fornecendo novas contribuições científicas que possam beneficiar nossa sociedade.
OP: E para acessar o e-book? Como fazer?
TM: Para acessar o e-book “Bolsonaro e a COVID-19: desmascarando a desinformação” basta visitar o site da Editora da Universidade Federal do Piauí (EDUFPI) por meio do link: https://www.ufpi.br/e-book-edufp. Lá, você encontrará o e-book disponível para leitura e download gratuito. Aproveitando o espaço também para agradecer à EDUFPI com todo seu comprometimento em disponibilizar o e-book gratuito e o conhecimento científico para além dos muros da universidade. Além disso, gostaria de expressar minha gratidão às professoras Juliana Teixeira, que gentilmente assina o Prefácio do livro, e Nilsângela Lima, responsável pela Apresentação. Suas valiosas contribuições enriquecem o conteúdo e a profundidade desta obra. É graças ao trabalho dedicado de pesquisadoras como vocês que conseguimos acessar e compartilhar conhecimento tão significativo. Obrigado, EDUFPI, e às professoras Juliana Teixeira e Nilsângela Lima!