Daqui a pouco Cristo nasce, de novo. Pelas redes sociais as mensagens de amor se multiplicam. Causam um choque térmico nesse país de tanto desamor. É como o garoto suado, depois de uma pelada, que corre para abrir a geladeira e assim matar sua sede - vó Luzia sempre brigava quando eu fazia isso. Acreditando nele ou não, tendo-o como Deus ou não, Cristo é pedagogia pura.
A realidade que encontra é mais caótica e complexa. Um mundo cada vez mais rachado, escrevendo seu apocalipse. Em uma festividade, que ao longo do tempo passou a lembrar fartura, a luta dos vulneráveis continua abrigando o Cristo bíblico. Seu simbolismo se perde na fartura da ceia, na lógica do consumo e na falta cotidiana de amor. Faz mais sentido entre os moribundos de nosso tempo e no peito dos que lutam por um mundo socialmente justo, no campo, cidade, águas e florestas.
Cristo deve ser pedagogia aos que detém poder nesta enfraquecida democracia. A política é um direito de todos. Não pode ser reduzida à cafuné, destinado aos que bajulam os detentores de poder, muito menos arma apontada para os que ousam denunciar abusos e omissões. Ninguém que tome Cristo exemplo, se alegrará com as dores do mundo.
Cristo nasce, vem fazer morada, vem ser pedagogia.