Vinte de janeiro de 2021, a tão esperada posse presidencial de Joe Biden aconteceu e dentre o emaranhado político a jovem prodígio Amanda Gorman tem seu momento glorioso.
Apenas com 22 anos, Amanda foi a mais jovem poeta a declamar, em uma tomada de posse presidencial em terras estadunidense, o então poema The Hill We Climb (A montanha que escalamos, em tradução livre), escrito às pressas após ter seu processo criativo instigado com a problemática invasão ao Capitólio, por apoiadores do ex-presidente Donald Trump, demonstrando sua indignação com o ato. Ela menciona: “esse esforço quase teve sucesso, mas embora a democracia possa ser atrasada às vezes, não pode ser reprimida permanentemente. Nessa crença confiamos, pois nossos olhos encaram o futuro, a história põe seus olhos sobre nós”.
Em entrevista ao jornal The Wall Street, a jovem socióloga disse que terminou de escrever na noite da invasão. “Precisamos de sentido e espírito para nos ajudar a dar sentido às coisas.”
Em um país que fora, outrora, instituição máxima de marginalização da população negra, agora séculos à frente, presenciar uma jovem negra erguer sua voz para recitar para o mundo as mais belas palavras de união e exaltar o sistema democrático com tanta desenvoltura, é de se encher de otimismo.
A jovem prodígio foi criada em Los Angeles e já traz consigo menções honrosas por conta de seus trabalhos como poetisa ativista, que escreve sobre injustiças sociais, feminismo e questões de raça, tendo seu primeiro livro publicado em 2015, intitulado de The One for Food is noot (Aquela que para qual a comida não é suficiente). Com apenas 16 anos, Amanda foi referenciada como poeta laureada de sua cidade, ganhando anos depois o título nacionalmente.
No entanto, para conseguir tais feitos em sua vida profissional, Gorman teve que vencer limitações durante toda sua infância. Uma delas foi sua dificuldade na fala, que impossibilitava sua comunicação correta e foi na escrita que encontrou métodos de superar tais dificuldades, quando começou a frequentar ONGs que incentivam processos de escrita criativas. Disse ao Los Angeles Times: “ Isso se me transformou na artista que sou e na contadora de história que me esforço pra ser” Na vida adulta se formou em sociologia pela prestigiada Universidade de Harvard, mas foi na literatura e escrita que fincou raízes sólidas.
Por Wellington Marques