OPINIÃO
A irritação com o futuro governo entre aliados ao centro e mesmo em setores mais progressistas, que aderiram a Lula no segundo turno está silenciosa, mas poderá causar problemas ao futuro governo.
Está se engolindo a contragosto a postura hegemônica do PT, como se Lula tivesse levado a fatura no primeiro turno ou com grande diferença de voto. Não foi assim.
Entre aliados, engoliu-se a escolha de Luiz Marinho para o Ministério do Trabalho e a possível escolha de Camilo Santana para a Educação, em atropelo de uma aliada.
Há ainda a insatisfação com a tentativa do PT de tirar o Desenvolvimento Social e o seu Bolsa Família de Simone Tebet e até mesmo o Ministério das Cidades, com o Minha Casa Minha Vida, do PSB ou do Psol.
O PT quer ainda Esporte e Direitos Humanos. Mas não só. A legenda resiste a nomes sugeridos por Geraldo Alckmin, vice-presidente eleito, para compor a equipe de Fernando Haddad no Ministério da Fazenda.
É menos porque gostam de Tebet, porque defendem o PSB ou Psol ou acham Alckmin um grande headhunter. É somente porque veem que os petistas estão achando que o governo pode ser apenas deles.
Lula foi alertado por um aliado emedebista no fim de semana para o risco de seu governo perder logo de início o apoio do centro e até de partidos da ala progressista.
Lula só ganhou porque forças de centro e de centro-direita apoiaram sua candidatura no segundo turno e, ainda assim, a diferença tão estreita para seu adversário recomenda humildade.
Por Nonato Viegas, em O Bastidor