OPINIÃO
Hoje (25/03), durante externa, registrei estas cenas, uma das muitas que a enchente produz. Fotografia esta que diz tanta coisa. A cheia é um fenômeno natural? Sem sombra de dúvidas, mas ouso dizer que o elemento humano dá a ela novos sentidos. A cheia é também política, uma campanha não declarada, ela parafraseia a Guerra Fria. Percebam, quanta gente dependente, do transporte ao abrigo, e claro, alimentação.
A cheia desenha, com nitidez, a abissal disparidade social que nos atravessa. A lógica capitalista é concreta quando se observa o perfil dos afetados e de quem “oferece a mão” (existem exceções). A política como projeto de poder está nas estranhas deste caos. Ela tem forte apelo popular.
Por trás de cada trator há uma personalidade política ou com pretensões. Alguém que vai procurar converter bondade em voto. E sim, funciona que é uma beleza. Se existe uma coisa que faz gente cativo é favor. Na hora do voto, parte do eleitorado atingido vai se lembrar do dono do trator, do caminhão, de quem enviou a quentinha, de quem mandou a canoa, quem carregou o pouco que se tinha. Para a política, esta pela qual projetos de poder se enraízam, a cheia é parte do calendário. Solução a longo prazo para quê?